Pós-Graduação EAD
Manejo Farmacêutico da Dor: da Teoria à Prática Multinível

A dor é um fenômeno de caráter subjetivo e multidimensional que promove a experiência sensitiva e desagradável a ela associada, ou que remete a uma lesão tecidual real ou potencial. O conceito de dor, assim como o grau de percepção dela, é construído por cada indivíduo, pois envolve aspectos emocionais, ambientais, sociais e cognitivos. Por estar sujeita a várias influências, não é possível traçar uma relação constante direta e previsível entre dor e lesão orgânica. Além disso, a dor possui aspectos culturais e históricos associados tanto nas tentativas de explicar a sua origem, quanto nas de significar certas práticas que a envolvem. Portanto, queixas álgicas devem ser valorizadas pelos profissionais de saúde, mesmo em circunstâncias onde ela não é verbalizada pelo paciente. Em 2004, a afirmação que “o alívio da dor deve ser um direito humano” tornou-se tão importante que foi finalmente publicada no lançamento da primeira campanha global contra a Dor (2004), em Genebra, pela IASP (Internacional Association for the Study of Pain), a EFIC (European Federation of Chapter of the IASP), e a WHO (World Health Organization) Infelizmente, um número significativo de pessoas sofre com dor, principalmente em países em desenvolvimento onde o tratamento para dor aguda e especialmente para a dor crônica mostra-se bastante deficiente, além disso, a dor constitui um dos principais motivos de procura de atendimentos de saúde por parte da população em geral e quando o manejo ofertado é inadequado, ocorrem além dos custos socioeconómicos, um sofrimento eticamente inadmissível. São diversas as razões para esse problema, entre as quais se destacam: a falta de profissionais com treinamento adequado no manejo da dor, devido à escassa ênfase que os estudos sobre dor recebem na graduação dos cursos de saúde, o que gera insegurança dos profissionais ao lidarem com pacientes em dor. Além disso, a escassez de fármacos e o receio no uso de opioides, frequentemente associado à crença equivocada de que seu uso leva inevitavelmente à dependência, também contribuem significativamente para a questão. Portanto, o primeiro grande passo na promoção de melhores tratamentos e abordagens dos doentes com dor nos países em desenvolvimento é proporcionar-lhes profissionais treinados neste manejo, não apenas médicos e enfermeiros, mas também os demais profissionais de saúde, com destaque para o farmacêutico, que se apresenta como figura cada vez mais presente e atuante nas equipes multi e interdisciplinares.